Brasileiro cofunda startup que quer preservar e reviver corpos por R$ 1,2 milhão

A Tomorrow Bio, uma startup alemã com uma proposta um tanto futurista, tem dado o que falar. A empresa, que tem sede em Berlim, quer preservar corpos através da criogenia na esperança de que eles possam ser revividos no futuro. E por trás dessa ideia ambiciosa está o brasileiro Fernando Azevedo Pinheiro, que cofundou o negócio ao lado do médico Emil Kendziorra. A startup já chamou a atenção da mídia internacional, incluindo veículos como Daily Mail, New York Post e Huffpost UK.

Atualmente, a Tomorrow Bio tem seis corpos armazenados a -196ºC em um edifício na Suíça. Para aqueles que se interessam pela ideia de um possível retorno à vida, a empresa oferece um plano de assinatura mensal de 50 euros (cerca de R$ 310). Depois de assinar, os clientes podem escolher preservar todo o corpo por 200 mil euros (aproximadamente R$ 1,2 milhão) ou apenas o cérebro por 75 mil euros (cerca de R$ 465 mil).

“Congelamento só após a morte”

Fernando Pinheiro explica que o pagamento pela criopreservação só é feito um pouco antes ou logo após a morte. “Não aceitamos pré-pagamentos”, esclarece o empreendedor. Ele também menciona que, se o cliente tiver um seguro de vida, o contrato é considerado quitado imediatamente após o falecimento, mesmo que o pagamento ainda não tenha sido recebido.

A maioria dos clientes da Tomorrow Bio tem em média 36 anos, com mais de 30% vindo do setor de tecnologia. Pinheiro aponta que cada pessoa tem suas próprias razões para aderir ao serviço. “Alguns têm medo da morte, outros querem ver as tecnologias do futuro. E há aqueles, como eu, que simplesmente gostam de viver e querem prolongar a experiência por mais tempo”, explica ele, destacando que ainda não se sabe exatamente como será possível trazer essas pessoas de volta à vida no futuro.

Desafios e incertezas do futuro

Segundo Pinheiro, a empresa está focada em desenvolver as tecnologias necessárias para a reanimação no futuro, mas admite que esse é um trabalho de longo prazo. “Estamos apenas no começo e temos muitos anos de desenvolvimento pela frente. Nosso objetivo não é vender a empresa, mas sim avançar no conhecimento científico nesta área”, comenta.

Ele também destaca que todos os membros da Tomorrow Bio estão cientes das incertezas. “Existe a possibilidade de que essa solução nunca funcione, e não podemos garantir que alguém será revivido. Mas, ao mesmo tempo, a alternativa é ser cremado ou enterrado, o que representa 0% de chance”, conclui.

A Tomorrow Bio já está operando em toda a União Europeia, com equipes em Berlim, Amsterdã e Zurique. E recentemente, em julho deste ano, a empresa expandiu suas operações para os Estados Unidos, estabelecendo equipes na Flórida, Califórnia e Nova Iorque.

Trajetória empreendedora do cofundador brasileiro

Fernando Azevedo Pinheiro, natural de São José dos Campos (SP), já teve uma carreira diversificada antes de se aventurar na criogenia. Ele passou por várias experiências profissionais, desde a empresa júnior de Engenharia Civil na universidade até ser CEO da Easy Taxi na Cidade do Cabo. Em 2016, ele fundou a Carzar, uma plataforma de venda de carros na África do Sul, que foi vendida em 2018. De volta ao Brasil, ele lançou a Missella, uma startup de revenda de artigos de luxo vintage, mas a empresa encerrou suas operações no início de 2020.

Com um interesse crescente pela longevidade, Pinheiro se interessou pela criogenia após conhecer Emil Kendziorra no LinkedIn. “Ele fez um comentário em uma publicação sobre longevidade, eu entrei em contato e percebemos que tínhamos muito em comum”, relembra Pinheiro. Assim, em outubro de 2020, ele se mudou para Berlim para fundar a Tomorrow Bio. Desde então, a empresa tem se focado em desenvolver sua infraestrutura e atrair novos membros para essa jornada científica inovadora.

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